terça-feira, 9 de outubro de 2007

o dia em que eu saí de mim

Andava a ver o youtube (foi a minha primeira vez!) e encontrei montanhas de vídeos com nascimentos. De pés, de cabeça, de 1, de 4, com ou sem cortes, por um lado ou pelo outro, com 2 ou mais patitas, com ou sem gritos, com ou sem dor...
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O dia em que o meu filho nasceu foi o dia em que eu saí de mim, andei por aí a absorver qualquer coisa e depois voltei. Durou um nanossegundo, durante o atirar da cabeça para trás, fechar e voltar a abrir os olhos.
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Já não sou a mesma pessoa. Quer dizer, sou, mas não sou! Agora aquele bocadinho também era eu e a olhar para ele, olhava para mim.
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Sempre acreditei que a dor de parto é uma dor psicológica que se torna física. Que se pode tornar insuportável, não duvido, mas que começa por um grande medo... de ter dor! Em miúda alguém me contou que em África há sociedades em que a mulher quando sente que o bebé vai nascer, se afasta da aldeia, escolhe uma árvore, e dá à luz ali debaixo, sem ajuda, sem gritos de dor... pensei que o meu dia chegaria e eu iria confirmar esta "fábula"...
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Depois de uma noite mal dormida, em que sonhava que me estava a aparecer o período, às 10h da manhã pus a hipótese... trabalho de parto... 3 horas mais tarde entrei no hospital. A meio encontrei-me com o tal medo e pedi a epidural! Não era necessário, bem sei, mas o MEDO... tomei uma dose pequena, de teste, para ver o que acontecia e às 17:22 nascia o meu Scopianito! Dia 10 de Novembro de 2002! Foi a data da minha revolução!
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Quando o vi sair de mim, um rapaz, só dizia "- tão pequenino, tão pequenino..." E amei-o simplesmente...

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