quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Quinta da Pícua













E já passou mais um Natal... adoro esta época!


Volto aos passeios no bosque, às bricadeiras de crianças, às subidas de árvores... agora no corpo de outra pessoa, visto por outros olhos, sentido por outro coração! Volto aqui pela mão do meu filho e é ele que agora corre por estes caminhos...


Está tudo tão diferente! A Quinta da Pícua já não existe, apesar de ainda lá estar... nem a bolsa, nem o poço, nem as árvores de fruto, nem os viveiros cheios de plantas-bebés, nem as vacas leiteiras de olhos enormes que pastavam de manhã cedo...


A casa permanece, emoldurada por cameleiras brancas - lindas- e com os mesmos azulejos, as mesmas escadas que serviram de cenário ao casamento dos meus pais, o jardim magnifico, o mesmo lago de há 100 anos, com as mesmas pedras brilhantes, mas para lá dos muros, tudo diferente... crescem candeeiros no lugar das árvores centenárias! No lugar da minha árvore, da nossa casa da árvore...





Eu era uma das poucas meninas no meio de imensos primos rapazes e adorava as brincadeiras na quinta!
A época natalícia era passada toda lá desde o meio de dezembro até início de janeiro e eram as férias da minha vida! Eram dias inteiros passados a correr pelos caminhos, a evitar os caminhos movediços e as tocas das raposas, a comer a fruta arrancada no momento, a sentir o cheiro verdadeiramente a terra! As chaves roubadas e a entrada na eira e no curral cheio de segredos, de cheiros agoniantes fortíssimos, de grandes portas velhas de madeira com cordas muito usadas a prende-las. O leite quente nos baldes!


E correria de volta para a casa! E que casa! Entramos noutra época, sinto-o sempre. Numa época a que pertenço e que me reencontro com todos os meus antepassados, que usaram as mesmas cadeiras, que pisaram os mesmos tapetes, dormiram nas mesmas camas, olharam os mesmos quadros, pelos mesmos espelhos. Adormeço com os mesmos sons do soalho a ranger e dos passáros nocturnos lá fora, dos roçar dos ramos e das folhas, mas não sozinha, não como filha mas mãe e com a mesma vontade de me levantar, pegar na lanterna e sair na noite, olhar as sombras da lua cheia, com os mesmos olhos, o mesmo coração, a mesma felicidade de há 30 anos!


Tudo está diferente, mas afinal somos os mesmos primos a largar papeis na lareira e correr lá para fora a ver se os vemos sair pela chaminé a arder...
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E como sempre, a imensa Árvore de Natal, cheirosa e brilhante sempre no mesmo local, sempre linda e luminosa, que dá as boas vindas a quem chega para mais uma reunião de família, o Natal de 2007.
FELIZ NATAL!

3 comentários:

Pepe Luigi disse...

Passei para lhe desejar um final de 2007 em cheio e um ainda melhor começo de 2008.

Su disse...

Igualmente, Pepe luigi! Um ano cheio de esperanças e de realidades!

Abraçar disse...

As recordações do campo da minha infância são as melhores que guardo.

http://luzesombra.wordpress.com/