terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Tira de terça-feira (VII)


Não percebo. Nunca percebi. Nunca mesmo!
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E nunca irei perceber... porque é que se classificam os outros por causa de um traço físico? Ok, tu tens cabelos encaracolados, não sou tua amiga... ou calças 45?! Não entras em minha casa! És mais morena que eu? Toma lá um pontapé...
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Quando tinha 5 anos o meu papi disse-me que uma menina da minha idade, que vinha de Angola, ia morar no apartamento ao lado do nosso. Yuppi! menina da minha idade = brincar! correr! fazer papinhas de fruta e lama no jardim!"
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Explicado o que era Angola, porque é que a menina vinha, o que era a guerra, só me restou esperar. Claro que fiquei à espera de uma menina com a pele escura, diferente de todas as que eu já tinha visto, mas igual a mim!
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Quando chegou a M. foi a grande alegria! Penso agora que foi óptimo para ela a para toda a família esquecer o que tinham passado, ao ver na nossa alegria a esperança de um recomeço, de uma vida renovada. A M. era uma menina branca de cabelo preto um pouco ondulado. Para mim a M. era uma menina preta.
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Deve ser por isso que hoje em dia não consigo distinguir as raças, nem os tons da pele, nem os olhos assim ou assado. Para mim somos realmente todos iguais! O meu cérebro não deve registar estes pequenos detalhes e não lhes dá a importância que parece ser fulcral para certas pessoas...
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Cresci a ler a "mafalda", mas nunca me identifiquei com a "Susaninha"...

4 comentários:

Abraçar disse...

Tens toda a razão! E eu também sempre gostei da Mafalda e nada da Susaninha...

Beijos

Tella disse...

Eu tb sou grande fã da Mafalda, já da Susaninha...
Tb eu não suporto qualquer tipo de preconceito, talvez pelo facto de ter nascido num pais que não era o meu e de algumas pessoas, na época, gostar de me lembrar que a França não era a minha terra. Afinal de contas, eu era apenas uma menina igual às outras...

Mad disse...

Fantástico texto e fantástica experiência.

Su disse...

A Mafalda é a mulher de hoje em dia! Mesmo!

Tendo em conta que "nasceu" no início dos anos 60, logo com 7 anos, estamos a falar da mulher dos dias de hoje. Uma mulher na casa dos 40, casada, com uma carreira de sucesso, com poucos ou nenhum filho, politicamente correcta e que quebrou com todas as tradições e costumes do antigamente.

A igualdade entre as diferenças era uma das bandeiras dela. Será que realmente ajudou a mudar as nossas cabeças? Sinto que a competitividade com que estamos permanentemente a lidar ainda vai fazer das suas...

Tenho de voltar a fazer um post sobre isto...